Aula Viva

Uma proposta pedagógica diferenciada

Buscar novos espaços de aprendizagem é uma questão de sobrevivência para a escola atual.
Derrubar os muros para tornar a escola um lugar emocionante e provocativo é fundamental.
Foi com esse pensamento que a Prefeitura de Tatuí e o Sítio do Carroção criaram o “Projeto Aula Viva”: alunos da rede municipal, durante o período de aula, frequentarão um espaço criado especialmente para a vivência dessa proposta pedagógica diferenciada.
Esse projeto possibilita que os alunos sejam imersos em um clima de aventura e descoberta para que, assim, possam assimilar informações e sedimentar conhecimentos que não serão apenas memorizados, mas que se tornarão simplesmente inesquecíveis.

Um aluno emocionalmente envolvido com o conteúdo a ser aprendido tem maior facilidade para captar conceitos. Esta afirmação, já comprovada por muitos pesquisadores, nos leva a entender o que ocorre no cérebro de uma criança quando ela está em contato com novas informações, como processa essas informações e de que forma esse aprendizado se torna conhecimento para toda vida. Segundo Antonio Carlos Gomes da Costa, pedagogo, um dos pensadores mais influentes da educação brasileira, se a educação voltasse à sua origem, na Grécia – a Paidéia – veríamos que educação não era aquilo que acontecia apenas no espaço escolar. A educação grega era interdimensional e se dava em espaços de vida social.

Desenvolvia as dimensões do logos (a razão), do eros (o desejo), do pathos (o sentimento), do mythos (a fé e sua relação com o transcendente) e a educação do corpo, de onde nasceram os jogos olímpicos.
A partir do Iluminismo, quando a burguesia chegou ao poder, a educação valorizou só o logos, e as outras dimensões foram descartadas.
O Iluminismo era o movimento da razão e uma razão a serviço dos poderes estabelecidos.
É como se o aluno fosse só um cérebro e só isso precisasse ser desenvolvido: aliás, a palavra aluno quer dizer “sem luz”. E como as emoções podem enriquecer o processo de aprendizagem?

Segundo o neurologista português Damásio de Oliveira, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, “as emoções são um conjunto complexo de reações químicas e neurais. Situações emocionantes afetam o sistema límbico, que é a parte responsável pelas emoções, ocorrendo então a liberação de neurotransmissores. Assim, os circuitos ficam mais rápidos, facilitando o armazenamento de informações e o resgate das que estavam guardadas”.
Criar situações interessantes para ensinar fará com que o aluno associe o aprendizado ao prazer, facilitando o processo educativo.

Por isso, hoje, uma questão de sobrevivência para a escola é redefinir os espaços de aprendizagem, derrubar os muros e se transformar em um local provocativo, instigante, onde o aluno possa buscar conhecimento naturalmente.
Foi assim que os diretores do Sítio do Carroção pensaram em proporcionar às crianças das escolas municipais de Tatuí uma vivência na qual o aprendizado possa se dar num clima de emoção. Dessa forma, muitos alunos com menos recursos financeiros, mas com imensa riqueza de curiosidade, podem usufruir o trabalho do Sítio do Carroção, que já é utilizado por inúmeras e excelentes escolas de todo o Brasil.