Idealizador

Luís Gonzaga, o idealizador do Sítio do Carroção

 

Os alunos e acampantes que passam alegremente por um senhor sorridente, de óculos e chapéu panamá, nem imaginam que ali está quem idealizou todo esse mundo de aventuras e conhecimentos: o idealizador do Sítio do Carroção, Luís Gonzaga Rocha Leite. Esse espírito irrequieto e sempre curioso nasceu em 7 de outubro de 1944, em São Paulo e viveu a infância e a juventude rebelando-se contra a “escola entre quatro paredes”. Passou muitas férias escolares no sítio de seus tios maternos, em Tatuí, onde aprendeu a gostar da natureza e a observar o mundo. Sempre irreverente, conta-se que, uma vez, em Araraquara, foi reprovado em Matemática: a professora não admitia que ele faltasse tanto com o pretexto de ser presidente do diretório acadêmico. No outro ano, com a mudança de professor, entusiasmou-se com o teorema de Pitágoras. Não deu outra: criou um “Teorema sobre o octógono”. O professor, entusiasmado, ensinou por muitas décadas aquele teorema para as novas turmas. E ele tinha apenas 15 anos! Foi então que começou a ganhar prêmios de xilogravura: o pai, emocionado, não poderia saber que a matriz de seus trabalhos eram o fundo de gavetas de seu guarda-roupa! Para a namorada, construiu um violão, utilizando o salto de um sapato de mulher para ligar o braço ao bojo. Sua criatividade não parou aí: logo fundou a Pan Publicidade, no fundo do quintal. Era uma fábrica de flâmulas (pequenos triângulos de tecido impressos em silk, que serviam como convites e lembranças dos eventos mais importantes no mundo social dos jovens). Quando se casou, muito novo, iniciou sua carreira publicitária na Alcântara Machado (hoje Almap). Ali se iniciava uma história de grandes campanhas e premiações, como as da Rhodia (Prêmio Clio em New York), da Telesp, dos lançamentos da Chrysler no Brasil e do Unibanco. Foi ele quem criou a cadeira de Livre Expressão no IADÊ (Instituto de Artes e Decoração). No final da década de 60, juntamente com Hans, Hélio Oiticica, Lígia Clark, Lígia Pape, Rubens Gerchman, Marcello Nitsche, Cláudio Tozzi, Antônio Dias, Maurício Nogueira Lima e outros, participou do movimento artístico Nova Objetividade e Tropicalismo. Nessa época, participou da IX Bienal com grandes nomes internacionais como Roy Lichtestein e Edward Hopper e recebeu o Prêmio Itamarati por um móbile gigantesco que decorou por muitos anos o Palácio da Alvorada. A partir de 1969 sua história se mistura à história do Sítio do Carroção. Já interessado em desenvolver jogos educativos, entre 1979 e 1986 criou diversos jogos de tabuleiro produzidos pela Abril Cultural.